As férias são, também, momentos para dedicarmos ao que gostamos e fica com menos espaço, ao longo do ano, por razões óbvias.
Hoje trago-vos poesia, pois não tenho cozinhado, mas tenho lido muito. Na verdade, leio muito, habitualmente e até tenho um hábito que alguns não entendem: leio vários livros ao mesmo tempo.
Assim, entre areia, sol, leituras e releituras, trago este lindo poema, de Eugénio de Andrade.
Aproveito para agradecer as vossas visitas ao blog, apesar da minha ausência.
Até daqui a uns dias!
"Poema à Mãe"
"No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe
Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos.
Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais.
Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.
Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura.
Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos.
Mas tu esqueceste muita coisa;
esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!
Olha — queres ouvir-me? —
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;
ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;
ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal...
Mas — tu sabes — a noite é enorme,
e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber,
Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas.
Boa noite. Eu vou com as aves."
("Os Amantes Sem Dinheiro" , Eugénio de Andrade)
eu sei que traí, mãe
Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos.
Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais.
Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.
Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura.
Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos.
Mas tu esqueceste muita coisa;
esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!
Olha — queres ouvir-me? —
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;
ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;
ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal...
Mas — tu sabes — a noite é enorme,
e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber,
Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas.
Boa noite. Eu vou com as aves."
("Os Amantes Sem Dinheiro" , Eugénio de Andrade)
Olá
ResponderEliminarÉ lindo , até ao teu regresso :D
Bjs
Amiga, que lindooooooooooooooo.
ResponderEliminarAmei, bjsssss e uma semaninha abençoada p/vc
Obrigada pelo carinho
Partilho o teu gosto pela leitura e pela culinária...já dava tema para inúmeras horas de cavaqueira!
ResponderEliminarLindo este poema, gosto muito de Eugénio de Andrade.
Continuação de boas férias.
Bjs
Que lindo!
ResponderEliminarUm beijinho
Olá Beatriz!
ResponderEliminarQue lindo! A mãezona deve ter ficado maravilhada hen? Parabéns! Mãe merece mesmo. Vim visitar, adorei, aquí tem comidinhas delíciosas e eu peço licença para seguir,posso? Me visita também, será um prazer. Beijinhos.
Olá Beatriz,também gosto particularmente deste poema, é muito belo.
ResponderEliminarUm beijinho.
Beatriz
ResponderEliminarAo encontrar o seu blog...recordei algumas das receitas que tenho partilhado no meu blog!
Vou estando atenta às suas novidades!
Bom fim de semana!
Beatriz
ResponderEliminarAo encontrar o seu blog...recordei algumas das receitas que tenho partilhado no meu blog!
Vou estando atenta às suas novidades!
Bom fim de semana!